"And so we return and begin again." É assim que começa "Say you Want a Revolution", a encadernação das primeiras duas histórias de The Invisibles, de Grant Morrison, que reli hoje. O volume contem duas histórias de quatro partes cada uma: "Down and out Heaven and Hell" e "Arcadia".
A primeira conta a iniciação de Dane McGowan - um garoto revoltado de uns 16 anos - na ordem dos Invisíveis - um dos lados de uma guerra perpétua pelo destino da humanidade. No início da história, Dane é enviado a um internato - a Harmony House - por ter incendiado a história onde estudava. Ele é resgatado de lá por um invisível chamado King Mob, que depois de explodir o lugar, abandona McGowan no centro de Londres.
Dane passa a viver nas ruas, onde encontra Tom Bedlam, o invisível responsável por sua iniciação na ordem. Após passar por uma série de lições - a maioria das quais nem consegue lembrar - Dane assume a identidade de Jack Frost e se junta aos Invisíveis.
Já "Arcadia" é um tanto mais complicada, a ponto das vendas caírem tanto que quase causaram o cancelamento da série na época. A história começa com a "célula" liderada por King Mob viajando psiquicamente no tempo para buscar o Marquês de Sade nos anos seguintes à Revolução Francesa. Paralelo à busca dos Invisíveis, há cena em que Lord Byron e Bysshe Shelley discutem a postura do homem em relação à liberdade e às autoridades, a existência de utopias e o papel do artista na busca por um mundo melhor.
Enquanto as mentes dos Invisíveis estão no passado, um assassino chamado Orlando - um demônio asteca que se disfarça usando as peles de suas vítimas - é convocado para destruir os corpos que ficaram no presente. Quando a célula percebe que alguma coisa está errada, tenta voltar ao presente, mas o grupo acaba espalhado em mais histórias paralelas...
Reler "Say you Want a Revolution" depois de ter lido todos os outros números da série é bastante compensador. Apesar de algumas inconsistências na caracterização dos personagens (peincipalmente Ragged Robin), tudo que faz "The Invisibles" uma grande série está ali: as idéias loucas, a densidade, a tonelada de referências... E ali - já nessas primeiras histórias - está o Segredo do Universo que Morrison deixa bem claro no final da série.
Outra coisa que gostei bastante foi rever o Jack Frost grosseiro e infantil da série, depois de acompanhar o amadurecimento dele durante o resto da história. O mais legal é que eu não consegui identificar um momento onde o personagem mudou, já que a evolução dele foi contínua.
Infelizmente, apesar de já ter ocorrido uma tentativa, Invisíveis não vai ser publicado no Brasil nunca. Mas a série todas estará disponível encadernada a partir de julho nos EUA (e vende na Amazon). (RSF)